Você não é meu namorado
(Eu não sou sua namorada.) Trecho de “boyfriend”, Ariana Grande ft. Social House | Comédias românticas e o namorado perfeito.
Comédias românticas sempre fizeram parte da minha vida. Não consigo mensurar as inúmeras horas que passei assistindo Titanic em um canal de televisão específico durante as tardes livres que eu tinha quando criança, Dirty Dancing era equivalente a uma festa na minha casa por ser o filme favorito da minha mãe e consequentemente o meu queridinho do coração desde que ela me contou isso. Depois vieram outros clássicos, De Repente 30 era o auge, ninguém me entendia tanto quanto Jenna Rink; O Diário de uma Princesa, Uma Linda Mulher, minha infância foi repleta de histórias de amor e príncipes encantados, ou melhor, pares românticos tão perfeitos que faziam com que a minha eu criança suspirasse sem ao menos saber direito o que era o amor. Aos dezenove anos eu ainda não sei o que é o amor.
Como dizer para uma romântica incurável que o amor da vida real não chega perto do amor fictício? Como aceitar isso sendo a tal “romântica incurável”?
Ao longo da minha vida ouvi mais de uma vez que eu idealizava muito um relacionamento, que as coisas não são nem um pouco como eu sonho que elas sejam, ouvi que eu deveria diminuir um pouco as minhas expectativas. Para uma menina que cresceu esperando um amor desses de cinema, a parte mais dolorosa em ouvir isso é saber que é verdade. Não importa o quanto eu negue, não importa o quanto eu finja que eu vou conseguir encontrar um amor assim, a realidade em minha volta sempre me mostra que não. Com o tempo aprendi a esconder minha afeição por esses filmes (e livros), entendi que quanto mais eu mostrasse esse meu lado, mais ouviria que não é assim que a banda toca, então decidi dar uma pausa nessa turnê.
Olhando meu histórico de leituras, não me surpreenderia se algum engraçadinho dissesse que eu sou uma espécie de “guru do amor”, tenho para mim que poderia falar por horas sobre todos os tipos de histórias de romance e encontrar ligações entre obras e personagens com a mesma facilidade que amarro meus tênis. Eu devoro romance, minha leitura é tão fluida com esse tipo de livro que é como se eu mesma o tivesse escrito.
O “pior” é que me identifico com as protagonistas; Lara Jean (Para Todos Os Garotos que Já Amei), Liz Buxbaum (Melhor do que nos Filmes e Não é como nos Filmes), as meninas da Ali Hazelwood (Olive Smith de A Hipótese do Amor, Bee Königswasser de A Razão do Amor, Elsie Hannaway de Amor, Teoricamente), todas essas têm coisas em comum comigo no quesito personalidade. Eu olho para Wes Bennett, Adam Carlsen, Levi Ward e Jack Smith e suspiro como uma garotinha boba (é brincadeira, só dou chutinhos no ar, mas sem suspiros por aqui), eles são o que toda mulher cresce sonhando em ter até a realidade aparecer na porta dela.
Toda mulher sonha com um parceiro. Um homem que não pensa duas vezes antes de defender ela, ficar ao seu lado, acreditar nela; um homem que observa seu jeito, suas expressões, que conhece ela quase melhor do que ela mesma, que sabe como fazer ela sorrir e se sentir vista; um homem que não tenha vergonha de demonstrar para quem queira ou não ver o quanto ele ama a mulher que ele escolheu para ter ao lado.
A gente cresce vendo na televisão homens que morrem de medo de perder suas mulheres, então olhamos para o lado e vemos homens fazendo piadas sobre o quanto odeiam seu casamento – inclusive no dia da própria cerimônia. Essa mulher não é a que você escolheu para passar o resto da vida? Então abaixa essa plaquinha de “socorro!”, idiota. Uma vez tive o desprazer de assistir um vídeo dos votos de um casamento onde o marido falou meia dúzia de palavras e todas (eu repito: todas) tinham cunho sexual, então me perguntei: o que faz uma mulher se casar com um traste, digo, um homem desses? A resposta é triste e óbvia, crescemos ouvindo que o auge da nossa felicidade vai ser quando tivermos um namorado. Dane-se suas amigas incríveis, quem liga para o seu sucesso profissional? Isso não é nada comparado a felicidade de ter um namorado ou um marido ao seu lado, mesmo que ele diga que odeia o relacionamento de vocês, mesmo que ele fale mal de você para os amigos como “só uma piadinha”, sua felicidade máxima é ele e ponto final.
Cantores como os meninos da One Direction, Restart, Fly, Justin Bieber e Luan Santana eram tirados de idiotas pela maioria dos homens por “cantarem música de menininha”, eles não entendiam o motivo do sucesso que eles faziam com o público feminino e debochavam das garotas que gostavam “disso”, mas nunca pensaram em sanar a dúvida da razão por trás dessa adoração e eu acredito que é porque eles sabiam, eles sabiam que as músicas diziam letra por letra tudo o que uma garota queria ouvir e eles achavam isso uma grande besteira. Para eles era bobagem, para nós era o mais perto de um sonho de infância se realizando.
O amor da vida real é decepcionante. Eu quero as declarações, os olhares encantados, as palavras doces, os elogios; como diria Vivian: eu quero o conto de fadas.
Quando tive a ideia de escrever esse texto, rascunhei o seguinte:
“Eu tenho um namorado perfeito que criei na minha cabeça, ele se parece com algo que li em livros de romance, às vezes dou um rosto para ele, mas estou sempre mudando. Ele é inteligente, bom em exatas (diferente de mim), é paciente e de fala mansa, é engraçado e me faz rir até perder o ar e som, implica comigo por diversão e vivemos em constantes apostas de “eu duvido que tu…”, ele é um bom ouvinte e ainda melhor conversando, se interessa e é interessante, tem sempre diversos assuntos e parece que a conversa nunca vai acabar (o que não seria de todo mal). Ele me vê e faz com que eu me sinta vista, ele me ouve e faz com que eu me sinta ouvida, ele me ama e faz com que eu me sinta amada. Meu namorado perfeito é um mocinho escrito por uma mulher, tipo os da Ali Hazelwood e o Wes Bennett (porque eu amo o Wes Bennett).”
A verdade é que eu não quero um homem perfeito. Apesar da descrição, quero ter ao meu lado alguém humano, que sinta medo, tenha suas inseguranças como qualquer outro, que erre e esteja disposto a lidar e consertar seu erro. Quero que seja vulnerável e me veja como porto seguro. Quero um parceiro, meu braço direito na vida. Anseio pela cumplicidade, pela troca de olhares quando alguém falar algo e a gente lembrar de algo específico que passamos juntos, os planos em conjunto para o futuro, a tranquilidade de mesmo em uma multidão ter aquela pessoa bem ali comigo.
*O trecho da música pode não condizer 100% com o texto, tendo sido interpretado de outra forma e adaptado por mim.
Esse texto é um acalento para as meninas que sonham com beijos na chuva, cartinhas, flores, palavras doces e amorosas, carícias suaves, olhares de cumplicidade; meninas que querem ser observadas de perto e de longe, citadas e elogiadas quando estão presentes ou ausentes, admiradas por quem elas escolheram ter ao seu lado; meninas que têm uma pasta no Pinterest recheada de fotos fofas de casais. Vocês não estão sozinhas e, do fundo do meu coração, eu espero que você encontre o seu Wes Bennett ou seja lá quem seu namorado literário seja.
Espero que tenham gostado e que de alguma forma você se sinta acolhida(o).
Beijos, Bela.
Lindo texto, Bela! Me vi tanto em você em cada verso. Cresci em um ambiente que negligenciou toda a minha versão de conto de fadas que eu havia criado na infância, mas ainda assim, prometi pro meu coração que eu viveria o que meus pais não viveram, eu iria fazer tudo certo e iria ser encontrada pelo tal príncipe.
Obviamente, não foi o que aconteceu, minha inocência e ternura pelos contos de fadas me trouxeram relacionamentos abusivos, taxados de perfeitos no início, mas, predadores reais de menininhas sonhadoras. Lembro até hoje da música “Not like the movies” da Katy perry, chorava por dias ouvindo ela.
Depois de ter sido vítima de dois relacionamentos que dilaceraram as minhas esperanças, o tal príncipe me encontrou. Hoje, vejo que realmente não é como nos contos de fadas, não é perfeito, mas existe. Existe esse tal cara que te protege, que não pensa 2x pra pegar no seu rosto e cuidar de você com carinho, esse tal cara que tem zero masculinidade frágil perto de você, mas se porta como um leão quando é pra te defender. Existe, tá? Não é como nos filmes, mas é tão lindo quanto!🤍 O que é seu vai te encontrar, e espero de coração que seja sem dor e sem relacionamentos dolorosos antes disso.
Muito romance! Ah... Que belo! Uma chuva de chocolate quente, núvens de marshmallow... Kkkk Desde que o rapaz seja belo, claro. Se o jovem for trivial? Será que o gordinho tem chance? Fica a reflexão, pois em tempos de amores líquidos a sociedade do cansaço é exigente.